30/04/09

DIA DA MÃE - POESIA NA ANTENA 1

No próximo Domingo, 3 de Maio, é o Dia dedicado à Mãe.

A exemplo do que aconteceu no DIA MUNDIAL DA POESIA,
as Quintas de Leitura em parceria com a Antena 1,
celebram as mães do mundo com poesia.

Assim, até às 14h00, de hora a hora, a Antena 1 vai emitir poemas e depoimentos dos nossos poetas que, gentilmente, acederam participar nesta iniciativa.

Aqui fica a lista dos autores, cujos poemas foram lidos por Adriana Faria (na foto, no estúdio da Antena 1, no Porto, com Ana Paula Magalhães) e por Paulo Campos dos Reis:

Aldina Duarte - poema inédito

Ana Luisa Amaral

Daniel Maia - Pinto Rodrigues


Jorge Sousa Braga

João Rios

José Luís Peixoto

Manuel António Pina

Maria do Rosário Pedreira - poema inédito

Nuno Júdice - poema inédito

Paulo Campos dos Reis

Paulo Condessa

JÁ HÁ POUCOS BILHETES

"A Rua da Estrada". É o primeiro recital portátil da história das "Quintas". Venha conferir. Com poesia, performance e muita música.
O elenco é de luxo:

Álvaro Domingues (Porto)
Colectivo Poético "O Copo" (Lisboa)
Samuel Úria (Porto)
Lucía Aldao (Galiza)
Pat

e ainda a participação especial de Cindy (Roménia)

Dias 14 (quinta) e 15 (sexta) de Maio - todos os Caminhos vão dar ao TCA.
Compre já o seu bilhete. Depois não se queixe que esgotaram.

MAIS DE 45.000 PÁGINAS VISITADAS DO NOSSO BLOGUE

Obrigado por continuarem a mostrar interesse pelos nossos devaneios poéticos.
Este poema é para todos aqueles que se continuam a emocionar com as "Quintas de Leitura":

cabelos amarrados quentes que se desamarram,
oh quero-te em volta de luz batida,
em língua máxima,
a floração devora as varas,
o ar que se empolga devora-te a obra mulheril,
uns palmos de sangue até à boca sôfrega,
e depois desmanchas-te

*

sou eu que te abro pela boca,
boca com boca,
metido em ti o sôpro até raiar-te a cara,
até que o meu soluço obscuro te cruze toda,
amo-te como se aprendesse desde não sei que morte,
ainda que doa o mundo,
a alegria

(Herberto Helder, in "A Faca Não Corta o Fogo"/ Assírio & Alvim)

29/04/09

25 DE ABRIL SEMPRE! FASCISMO NUNCA MAIS!

Um texto fascinante de Mário Cesariny sobre a Liberdade (livre).

Liberdade.
A liberdade conhece-se pelo seu fulgor.
Quatro homens livres não são mais liberdade do que um só. Mas são mais reverbero no mesmo fulgor.
Trocar a liberdade em liberdades é a moda corrente do libertino.
Pode prender-se um homem e pô-lo a pão e água. Pode tirar-se-lhe o pão e não se lhe dar a água. Pode-se pô-lo a morrer, pendurado no ar, ou à dentada, com cães. Mas é impossível tirar-lhe seja que parte for da liberdade que ele é.
Ser-se livre é possuir-se a capacidade de lutar contra o que nos oprime. Quanto mais perseguido mais perigoso. Quanto mais livre mais capaz.
Do cadáver dum homem que morre livre pode sair acentuado mau cheiro - nunca sairá um escravo.

27/04/09

25 de ABRIL



O programador do ciclo Quintas de Leitura, João Gesta, comemora os 35 anos
do 25 de Abril, no Largo do Carmo, em Lisboa, com Salgueiro Maia.
Fotografia: Pat

25 de Abril de 2009 - RTP Online - para ler clicar aqui.




25 de Abril de 2009 - site SIC Online - para ler clicar aqui.



No jornal Portugal Post com data de Maio 2009. (para ler clicar sobre a imagem).
E nos sites do jornal Diário de Notícias e semanário Expresso, com data 25 de Abril de 2009.
Notícias LUSA.


Para ler seguir as ligações das edições online clicando aqui e aqui.

24/04/09

Bagagem de mão - na sessão dedicada à escrita de Vítor Nogueira...









PERFORMANCE: Cristina Delius (sapateado) - Michel Roubaix (acordeão) -
Beatriz Serrão ( percussão)



José Mário Silva apresentou e conversou com o poeta Vítor Nogueira.
Pedro Lamares leu poemas do mais recente livro do autor - "Comércio Tradicional" (2008).


Maria do Céu Ribeiro leu poemas do livro "Senhor Gouveia" (2006).






Paulo Campos dos Reis e Susana Menezes leram poemas do livro "Bagagem de Mão" (2007).














Concerto acústico de MAZGANI.

Fotografias de Sara Moutinho.

23/04/09

O que diz a agência LUSA

Porto, 22 Abr (Lusa) - Mais de 13 mil pessoas assistiram, nos últimos oito anos, às Quintas de Leitura, sessões mensais de poesia que se realizam no Teatro do Campo Alegre (TCA), no Porto, disse hoje à agência Lusa o seu programador, João Gesta.
"É de sublinhar que se trata de sessões pagas e que o custo não é tão pouco como isso, o bilhete sem desconto está agora nos nove euros", disse aquele responsável.
As sessões começaram no espaço Café-Concerto do TCA em Janeiro de 2002, na sequência do encerramento do Pinguim Café, onde Joaquim Castro Caldas, falecido em Agosto de 2008, aos 52 anos, organizou durante muitos anos sessões de poesia, sempre muito concorridas.
"Muito do que sou como programador devo-o ao Joaquim Castro Caldas e o êxito que as Quintas de Leitura são não seria possível sem o trabalho que ele fez durante anos no Pinguim Café, que consolidou a tradição portuense nesta área", disse João Gesta.
O programador já organizou, desde Janeiro de 2002, 88 sessões, seguindo um figurino inovador que se mantém.
As Quintas de Leitura são organizadas em torno de um poeta convidado, cuja poesia é lida por três ou quatro declamadores de um grupo de 15 ligados a esta iniciativa.
O programa inclui sempre um concerto, uma performance (que pode ser dança) e uma imagem própria para cada sessão a cargo de um artista plástico, que pode envolver fotografia e/ou vídeo.
"Escolho o convidado de acordo com o meu gosto pessoal", admitiu João Gesta, 56 anos, leitor "apaixonado e compulsivo" de poesia, que selecciona também os declamadores para cada sessão.
Quanto à parte musical, a selecção é feita após uma conversa com o poeta convidado.
"Procuro respeitar o gosto do poeta. Se gosta de jazz, opto por músicos de jazz, se prefere pop ou outro tipo de música, escolho nessas áreas", disse.
No que toca à imagem, o programador escolhe o artista, podendo o convidado intervir na opção.
"Quanto à performance, a escolha é exclusivamente minha e procuro que o poeta seja o último a saber, é uma surpresa", referiu
Desta forma, João Gesta consegue atrair 150, 200 ou 300 pessoas para cada uma das Quintas de Leitura, desde há oito anos.
O Café-Concerto do TCA já se tornou pequeno, pelo que as sessões se realizam agora no grande auditório, muitas vezes cheio.
"Este êxito surpreende sobretudo os convidados de Lisboa, que muitas vezes me dizem que na capital não seria possível encher uma sessão de poesia com bilhetes pagos", disse João Gesta.
Na sessão desta quinta-feira, às 22:00, o Auditório do TCA recebe Vítor Nogueira, nome da novíssima poesia portuguesa que apresentará o seu livro "Bagagem de mão", em conversa com o jornalista, crítico literário e (também) poeta José Mário Silva.
As leituras, a cargo de Maria do Céu Ribeiro, Paulo Campos dos Reis, Pedro Lamares e Susana Menezes, incidem sobre os três mais recentes livros de poemas de Vítor Nogueira: "Senhor Gouveia" (2006), "Bagagem de Mão" (2007) e "Comércio Tradicional" (2008).
A imagem da sessão é do artista digital Paulo Araújo (uma estreia nas Quintas de Leitura) e a performance é da bailarina de sapateado Cristina Delius, que vem propositadamente de Berlim.
"Foi a Cristina Delius, que é portuguesa, casada com um alemão e vive há muito em Berlim, que tomou a iniciativa e me enviou um DVD com o seu trabalho. Eu não a conhecia. Achei fantástico e vai ser ela a surpresa do Vítor Nogueira", disse João Gesta.
A sessão completa-se com o regresso às "Quintas" de Mazgani, num concerto a solo que percorrerá todos os temas do CD "Song of the new heart".
Shahryar Mazgani é um luso-iraniano radicado desde os 5 anos em Portugal, cujo CD de estreia, "Song of the New Heart", o levou a ser considerado pela prestigiada revista francesa "Les Inrockuptibles" como um dos 20 músicos mais promissores da Europa.

PF.
Lusa/Fim

Notícia publicada hoje no jornal O Primeiro de Janeiro e no jornal Notícias da Manhã.
Fonte: Lusa
Para ler clicar sobre a imagem.




No jornal Público de hoje - P2.
(para ler clicar sobre as imagens)


Na secção de cultura do Jornal de Notícias de hoje.

HOJE É DIA DE "QUINTAS"

Eles vão BRILHAR:

VÍTOR NOGUEIRA
JOSÉ MÁRIO SILVA
MARIA DO CÉU RIBEIRO
PAULO CAMPOS DOS REIS
PEDRO LAMARES
SUSANA MENEZES
CRISTINA DELIUS
MICHEL ROUBAIX
BEATRIZ SERRÃO
PAULO ARAÚJO
MAZGANI

Duas horas de espectáculo. As "Quintas de Leitura" no seu melhor. Depois de nós, o abismo.

22/04/09

NENHUMA RAZÃO

Nenhuma razão é suficientemente simples.
As viagens que fazemos são apenas
as viagens que fazemos, não nos levam
a sítios metafóricos.

Entretanto, as árvores crescem, como sempre
devagar, e a cidade até parece bem pensada,
de repente com a luz no ângulo certo. Nem tudo
está perdido. Deixo a moeda do costume
ao arrumador de serviço, cada vez mais velho
e educado. «Para tomar um cafezinho.»

Só é pena continuarmos, como ele, tão fiéis
ao automóvel, máquina de vir inspeccionar
o estado em que se encontra esta parede,
no limite sul da nossa estreita liberdade.

Em todo o caso, é para isso que aqui estamos,
para nos castigarmos: o mundo só é assim
porque o escolhemos desta forma, pequenino
como qualquer sala de estar. Há outras hipóteses,
obviamente, outros modos, corajosos, de partir.

Por exemplo, o rapaz do restaurante, nesta rua
de Lisboa. Que ambição cala por detrás do sotaque
brasileiro? O que viu ele neste lugar
tão do outro lado de tudo?

(Vítor Nogueira, in "Bagagem de Mão"/&etc)

AINDA HÁ BILHETES

TUDO AMANHÃ:

- ESTREIA DO POETA VÍTOR NOGUEIRA NAS "QUINTAS DE LEITURA"
- CONCERTO DE MAZGANI
- ESTREIA NAS "QUINTAS" DA ESTRELA EUROPEIA DE SAPATEADO CRISTINA DELIUS, ACOMPANHADA POR MICHEL (ACORDEÃO) E BEATRIZ SERRÃO (PERCUSSÃO)


PROMETA-NOS QUE NÃO FICA EM CASA!

21/04/09

AJUDE-NOS A ENCONTRAR UM TÍTULO PARA ESTA SESSÃO

No dia 29 de Outubro teremos uma explosiva sessão das "Quintas", cheia de poesia, de música e do que mais se verá.

Vejam este elenco fabuloso:

Poetas convidados
Nuno Moura, Daniel Jonas, A. Pedro Ribeiro e João Rios

Responsável pela imagem
Mário Vitória

Música
concerto dos "Moliquentos" com Tânia Carvalho (voz e piano), Bruna Carvalho (bateria) e Zeca Iglésias (guitarra)

Performance
Mônica Coteriano & Pedro Gonçalves (Dead Combo) apresentam "The Story of My Life".

Uma sessão do outro mundo. Impossível ficar em casa.

FAZES-ME FALTA

Fotografia captada no espectáculo dedicado a Filipa Leal
«Cidade Líquida» , no TCA, em Setembro de 2007.



A Suzana Menezes, a nossa querida Naná, está grávida. Muito grávida, digo eu. Fará na próxima quinta-feira o seu último recital, antes de ter a Matilde. Lá para meados de Junho.
Dedicamos à Naná, teclado à altura do coração, um poema de Amor. Belo, como ela:

POEMA

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

(Mário Cesariny, in "Pena Capital"/ Assírio & Alvim)

20/04/09

OS HERÓIS DA PRÓXIMA "QUINTA"

Todos ao serviço da Poesia, do Sonho, da Magia:

VÍTOR NOGUEIRA
MAZGANI
JOSÉ MÁRIO SILVA
PAULO ARAÚJO
MARIA DO CÉU RIBEIRO
PAULO CAMPOS DOS REIS
PEDRO LAMARES
SUSANA MENEZES
CRISTINA DELIUS
MICHEL ROUBAIX
BEATRIZ SERRÃO


Junte-se a nós. Noites com sangue na guelra.

ESTE POEMA DE VÍTOR NOGUEIRA ENCERRA A SESSÃO DA PRÓXIMA "QUINTA DE LEITURA"

ESPLANADA

Por vezes os danos apanham-nos de surpresa.
Por vezes pensamos que podemos reparar
os danos. Se soubéssemos cantar, era uma ajuda.
Há pessoas a espreitar pela janela, no seu modo
de tornar as casas um pouco mais habitáveis.

Que importantes nos tornámos, de repente.
Discutimos o mundo com base em
pequenas coisas, pequenas queixas
do glorioso mecanismo do corpo humano.
(O corpo, claro, tem as suas exigências.)

Aquiles, por exemplo, tem passado melhor
do calcanhar. Haverá sempre um lugar para ele
à mesa do Olimpo. Bem-vindo à unidade
de cuidados intensivos, onde as cervejas se querem
frescas e a dividir por todos.

(Vítor Nogueira, in "Comércio tradicional")

18/04/09

MUSAS

Apolo, chamemos-lhe assim,
é caixeiro-viajante «por acaso», mas
quer tirar enfermagem. Diz que escreve poesia
- está visto, pode acontecer a qualquer um.
Em cima do escadote, o farol do comércio tradicional
organiza a prateleira das águas-de-colónia.
Tudo lhe parece um pouco excessivo.

Apolo insiste numa espécie de sermão
de Santo António aos desodorizantes:
alexandrinos e decassílabos,
arquitecturas de grande entusiasmo,
a nossa relação com a História,
seres iluminados que alcançam o Nirvana.

Mas, de novo, as leis do «acaso»
desempenham um papel importante:
pede-se ao dono do Fiat branco que o afaste,
ou será rebocado. Aí vai ele, o viajante.
De algum modo, a poesia é difícil para todos.
Basicamente, não fazemos a menor ideia
do que se passa no mundo.

(Vítor Nogueira, in "Comércio Tradicional"/Averno)

RODA

«Naquele tempo só havia a quarta classe.»
Trabalha desde os doze e está com sessenta
e sete. Já foi trolha, motorista, sapateiro.
Na verdade, só tem medo das alturas.

Certo dia preparou a cabeça para poder
andar à roda. E partiu para o Luxemburgo.
«Há terras que a gente nem imagina que existem.»
Regressava quase sempre pela festa de S. Lázaro,

o presente e o passado a uma estrada de distância.
Com os anos percebeu uma coisa curiosa:
«os rapazes que ficaram queriam ter a minha vida
e eu queria ter a vida dos rapazes que ficaram».

(Vítor Nogueira, in "Comércio Tradicional"/Averno)

17/04/09

Para os OCS



Fotografia de Mazgani : Rita Carmo

Vítor Nogueira e Mazgani
“Bagagem de mão”



Depois de Filipa Leal, as “Quintas de Leitura” recebem outro nome incontornável da chamada “novíssima poesia portuguesa”. Referimo-nos ao poeta Vítor Nogueira que encabeça a sessão intitulada “Bagagem de mão” e que se realiza no próximo dia 23 de Abril, às 22h00, no Auditório do TCA, no Porto.

O poeta convidado conversará com o jornalista, crítico literário e (também) poeta José Mário Silva.

As leituras, a cargo de Maria do Céu Ribeiro, Paulo Campos dos Reis, Pedro Lamares e Susana Menezes, incidirão sobre os três mais recentes livros de poemas de Vítor Nogueira: “Senhor Gouveia” (2006), “Bagagem de Mão” (2007) e “Comércio Tradicional” (2008). A imagem da sessão foi concebida pelo artista digital Paulo Araújo que, assim, se estreia nas “Quintas de Leitura”.

De Berlim, chega a bailarina de sapateado Cristina Delius que nos surpreenderá e encantará com a sua performance. Será acompanhada pelos músicos Michel (acordeão) e Beatriz Serrão (percussão). Momento que não mais esquecerá.

Por fim, trinta minutos de pura magia: regresso às “Quintas” da voz inconfundível de Mazgani, num concerto a solo, onde percorrerá todos os êxitos do álbum “Song of the new heart”. Lembremos que Shahryar Mazgani foi considerado pela prestigiada revista francesa “Les Inrockuptibles” como um dos artistas mais promissores da Europa.

“Quintas de Leitura”: noites com sangue na guelra. Junte-se a nós.
Espectáculo para maiores de 12 anos. Bilhetes a 9 euros (normal) e 6 euros (com desconto).


“Poucas vezes, na mais recente poesia portuguesa, se conseguiu tão sabiamente aliar ironia, contenção e um sóbrio desencanto”. (Manuel de Freitas sobre Bagagem de Mão de Vítor Nogueira, in jornal Expresso)

“Podemos admirar nesta poesia o modo como penetra o mundo dos objectos e acede ao que mais resistência oferece à palavra poética: o quotidiano, o mistério que o habita”. (António Guerreiro sobre Comércio Tradicional de Vítor Nogueira, in jornal Expresso)

16/04/09

Descubra as diferenças


Duas notícias publicadas hoje. Notícias da Manhã e O Primeiro de Janeiro.

No Expresso online

Para ler clicar aqui.

A informação na LUSA

Porto, 15 Abr (Lusa) - As "Quintas de Leitura" recebem dia 23, no Auditório do Teatro do Campo Alegre (TCA), no Porto, Vítor Nogueira, um dos nomes da novíssima poesia portuguesa, disse hoje à Lusa fonte da organização do evento.

Na sessão, que leva o título do livro de 2007 de Vítor Nogueira, "Bagagem de mão", o poeta vai conversar com o jornalista, crítico literário e (também) poeta José Mário Silva.

As leituras, que estão a cargo de Maria do Céu Ribeiro, Paulo Campos dos Reis, Pedro Lamares e Susana Menezes, vão incidir sobre os três mais recentes livros de poemas de Vítor Nogueira: "Senhor Gouveia" (2006), "Bagagem de Mão" (2007) e "Comércio Tradicional" (2008).

"Poucas vezes, na mais recente poesia portuguesa, se conseguiu tão sabiamente aliar ironia, contenção e um sóbrio desencanto", escreveu Manuel de Freitas, no jornal Expresso, sobre "Bagagem de Mão" de Vítor Nogueira.

A imagem da sessão foi concebida pelo artista digital Paulo Araújo que se estreia nas "Quintas de Leitura".

"Podemos admirar nesta poesia o modo como penetra o mundo dos objectos e acede ao que mais resistência oferece à palavra poética: o quotidiano, o mistério que o habita", escreveu António Guerreiro, no mesmo semanário, referindo-se a "Comércio Tradicional", também de Vítor Nogueira.

De Berlim, vem para participar nesta sessão a bailarina de sapateado Cristina Delius, para uma performance em que será acompanhada pelos músicos Michel (acordeão) e Beatriz Serrão (percussão).

A sessão completa-se com o regresso às "Quintas" da voz de Mazgani, num concerto a solo, onde vai percorre todos os êxitos do álbum "Song of the new heart".

Shahryar Mazgani é um luso-iraniano, radicado desde os cinco anos em Portugal, cujo disco de estreia, "Song of the New Heart", o levou a ser considerado pela prestigiada revista francesa "Les Inrockuptibles" como um dos 20 músicos mais promissores da Europa.

O espectáculo, que começa às 22:00, tem bilhetes à venda entre os seis e os nove euros.
PF.
Lusa/Fim

15/04/09

Em Maio espectáculos mil



Para ler clicar sobre as imagens.

TAREFA

Sábado sem sol, quartel-general, dez da manhã:
um conjunto aleatório de interesses pessoais.
Há quem desça aos infernos pelos sítios
mais seguros. Estamos aqui a criar laços,
a aprender a resistir às intempéries.

E mesmo assim toda esta gente acordou
um dia mais perto da morte. Estes detonadores
não são de confiança. Fazem explodir as coisas
antes de darmos por isso. Quer dizer, até que ponto
conhecíamos o rapaz que tomou a overdose?

Bem sei: a nossa tarefa é tornar a vida suportável.
Esqueço tudo o resto excepto aquilo que sou
neste momento. É preciso ir pôr moedas no parquímetro.

(Vítor Nogueira, in "Comércio Tradicional"/Averno)

14/04/09

CRUZES

Faltam-lhe três ou quatro anos
para morrer. Mas quem pode adivinhá-lo,
de tão novo? O engraxador do largo
passa em direcção ao Excelsior.

É sexta-feira, dia de cruzes
no totobola. O café dos anos vinte
morrerá um pouco antes.
A Drogaria da Praça, quartel-general
aos sábados, morrerá pouco depois.
Mas ninguém o sabe ainda,
nesta manhã de Setembro. Só por isso
vale a pena arriscar um pouco a sorte,
preencher devagar o boletim.

Diz-se que há sempre uma hipótese.
É assim que o sistema funciona. Mas
para onde foge o tempo?
Para onde vai tanta força?

Restos de grandes fogueiras.
É para isso que as pessoas vivem.

(Vítor Nogueira, in "Comércio Tradicional"/Averno)

MAZGANI

Experimente a música de Mazgani
clicando aqui.

09/04/09

MARIA TERESA HORTA

As "Quintas de Leitura" desejam-lhe uma Santa Páscoa, na companhia luminosa de Maria Teresa Horta. Dois poemas de Amor:

SEGREDO

Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar

*

MORRER DE AMOR

Morrer de amor
ao pé da tua boca

Desfalecer
à pele
do sorriso

Sufocar
de prazer
com o teu corpo

Trocar tudo por ti
se for preciso

(poemas de Maria Teresa Horta)

CAROS CIDADÃOS

Passa da meia-noite, claro. Chegámos
ao lugar dos amigos anónimos, sozinhos
em ruas apinhadas de gente. Fazemos
todos parte da mesma estatística.

Há bairros inteiros que se esvaziam
na hora de a solidão sair à rua,
escudos humanos estabelecendo uma aliança
condigna, sem depender de ninguém.

Caros cidadãos, o tempo escasseia
e os erros são comuns hoje em dia.
Convencido da nossa inocência, custa-me a crer
que todo o mal que fizemos já tenha sido feito.

(Vítor Nogueira, in "Bagagem de Mão"/&etc)

08/04/09

ESTE É O POEMA DA FOLHA DE SALA

CORTINA

Era Inverno e nós tínhamos sede.
Talvez por causa do medo, essa forma
de sermos fiéis a nós próprios.
Cambaleámos até ao fundo de Lisboa,
que nesse dia se estipulou ser uma casa
outrora propriedade de um judeu.
Pássaros esvoaçavam numa sala sem gente,
a janela ao fundo, em contraluz.
Escondemo-nos atrás de uma cortina,
espreitando pelo canto da janela
a memória do nosso passado comum.
Depois, estupidamente, discutimos
poesia. Éramos cinco. Decidimos
separar-nos em grupos de quatro.
Por qualquer razão fiquei sozinho.

(Vítor Nogueira, in "Bagagem de Mão"/&etc)

É AQUI QUE PASSAMOS OS DIAS

É aqui que passamos os dias, encarcerados
nos nossos próprios corpos.
Não sei qual de nós é mais velho.
Nunca houve qualquer prova que o mostrasse.
Diria que vimos os mesmos filmes,
ouvimos a mesma música.

Mas em que momento mudámos?
De onde nos vem esta incapacidade?
Deveríamos ser mais convencionais?
Pergunto isto porque às vezes parece haver
regras para tudo.

Entretanto, é de novo meia-noite
e ainda nos falta uma cidade.

(Vítor Nogueira, in "Bagagem de Mão"/&etc)

07/04/09

SHARYAH MAZGANI - "Somewhere Beneath the Sky"

Um cheirinho da nossa próxima sessão.

FEIRA DA LADRA

Acho que as conversas são iguais
em qualquer feira. Há muita gente
que passa a vida a não escutar
os outros, a razão deve ser essa.
Contudo, uma pessoa não pode
viver só, rodeada de fantasmas.

Talvez por isso volta e meia
dê comigo neste sítio,
onde por vezes chego a pensar
que a minha vida não é feita
de outra coisa: curiosidades,
folhas soltas, postais ilustrados,
livros, pequenos agasalhos.

(Vítor Nogueira, in "Bagagem de Mão"/&etc)

SOCORROS MÚTUOS

Códigos indecifráveis, demasiados
segredos. A mente precisa de ajuda
para se libertar de certas coisas.

Voam os pássaros, sem nada
que os prenda. Andamos por aí
até acabar a gasolina.
Sim, Lisboa, tenho medo.
E não me envergonho disso.

De resto, há momentos em que
esse factor pouco importa.
Como quando erguemos
as mãos acima da cabeça
e avançamos para a luz.

Virá talvez o dia em que fraqueje.
Quem sabe, podemos fazer isso juntos.
Assim ninguém sai a perder.

(Vítor Nogueira, in "Bagagem de Mão"/&etc)

06/04/09

"Quintas de Leitura": noites com sangue na guelra

No próximo dia 23 de Abril, as "Quintas" estão de novo em festa.
Um elenco insuperável:

Vítor Nogueira - poeta convidado

José Mário Silva - apresentação

Maria do Céu Ribeiro, Susana Menezes, Paulo Campos dos Reis e Pedro Lamares - recitadores

Paulo Araújo - imagem

Cristina Delius (bailarina de sapateado), Michel Roubaix (acordeão) e Beatriz Serrão (percussão) - performance

Shahryar Mazgani - concerto acústico


Quer mais argumentos para não ficar em casa? Seja feliz - junte-se às "Quintas".

ÀS VEZES AS CIDADES SÃO ASSIM

O que nos induz efectivamente?
Uma hospitalidade sem limites?

Por essa altura, apesar de atormentados
pela névoa, descobríamos missões
na caixa do correio. Talvez por hábito,
procurávamos uma rua cheia
e contudo inacabada: vidas
que por instantes corriam paralelas,
coisas em que só tínhamos de pensar
por pouco tempo.

Com isto, ao fim da noite perdíamos
a noção dos factos - era esse o punhal
que Lisboa costumava espetar
nas nossas costas. Às vezes as cidades
são assim, abrem buracos em tudo.
Gosto de pensar que Lisboa
nunca nos faria tal coisa
se achasse que não aguentávamos.

(Vítor Nogueira, in "Bagagem de Mão" / &etc)

03/04/09

BAGAGEM DE MÃO. A POESIA DE VÍTOR NOGUEIRA.

OS FORASTEIROS NUNCA TÊM RAZÃO

É um sonho como outro qualquer:
Estamos a ler o jornal, Lisboa
bate à porta das traseiras.
O trajecto de fuga parece ser de confiança.
Por mera precaução,
levamos as palavras connosco.

Peças perdidas do puzzle,
tratamos dos mais pequenos pormenores
e caímos quase sempre em emboscadas.

Enfim, os forasteiros nunca têm razão.
Mas de que adianta resistir,
se em parte já perdemos o que somos?

*

TESEU SEM MINOTAURO

para o Manuel de Freitas

Como em qualquer labirinto, estas esquinas
apenas garantem que não há certezas
na direcção do futuro. Lisboa
nunca foi como em tempos a sonhei.

E contudo venho aqui em peregrinação
habitual, sem tão-pouco saber que lhe pedir.
Indecisões da fé e da sua alavanca diminuta,
à qual desmesuradamente chamamos coração.

*

INTERMITÊNCIAS

para o Rui Pires Cabral

Sou talvez aquele a quem não doeu tanto
a mesma terra. Perguntas se admitiria trocá-la por
Lisboa, a cidade onde as montanhas se não vêem.
Mas que diferença faz? Bem o sabemos,
ninguém se entrega a uma cidade em absoluto.

Um e outro, cá e lá, estamos apenas de passagem.
A auto-estrada é um sorriso cem à hora
que segura pelas pontas amizades como a nossa.
Vai-te embora, se assim tiver de ser, mas continua
a enviar-me os teus poemas por e-mail.

(Vítor Nogueira, in "Bagagem de Mão"/ &etc.)

02/04/09

ÉBANO E MARFIM


Durante o dia, a multidão em magotes estaciona
nos lugares do costume, o tempo passando
entre a ponta do cigarro e a anedota do vizinho.

O Senhor Gouveia também ama a solidão.
Estima ver-se só, para à-vontade largar o voo
das ideias, quer para o quadro cintilante
do passado, quer para a tela sombria do futuro.

A desoras, vagueando pelas ruas, vive
recordações e alimenta certas fés. Ainda hoje
aconteceu, após uma ceia moderada,
como o sono uma vez mais não resolvesse visitá-lo.

Nuvens negras, avalanches de carvão impelidas
de sudeste, rolam pelo espaço em desenhos espantosos.
A noite é de Outono adiantado. Ruas desertas,
onde ao acaso passeia o seu spleen provinciano.

Há um som habitual na janela ainda acesa
de uma casa despida de vizinhos: notas de piano
colidindo pelas raias da loucura, o compasso
sem expressão, como quem despeja um saco.

De pouco serve um aprendiz de pianista a martelar
àquela hora. O Senhor Gouveia muda de passeio.
O vento, afinado, assobia nas esquinas.

(Vítor Nogueira, in "Senhor Gouveia"/Averno)

01/04/09

Para ver



Filipa Leal













Bruna Carvalho e Ricardo Vidal

"Movimentos diferentes, para pessoas diferentes"

solos coreografados por Tânia Carvalho



Filipa Leal



Carla Miranda e germanO 'nunes


Paulo Campos dos Reis e José Pereira de Sousa (violoncelista)

Nota: o violoncelo na imagem é o famoso Montagnana, de Guilhermina Suggia.













Lula Pena


Ao centro Joana Rêgo (imagem)

FOTOGRAFIAS DE SARA MOUTINHO.

"SENHOR GOUVEIA" de Vítor Nogueira

JOHN PARKER

John Parker, nacionalidade americana
e pronúncia a condizer, alugou quarto
na casa do Senhor Gouveia, apresentando-se
como secretário do arcebispo de Washington.
A pedido, assinou o livro de honra.

Pela mão do poeta, visitou estabelecimentos
na Rua Alexandre Herculano, onde pediu
socorros para certas obras pias, prosseguindo
depois noutras artérias da cidade. E assim
conseguiu reunir soma elevada.

Na livraria dos herdeiros do Senhor António Silva,
Sua Excelência proferiu uma palestra, atraindo
considerável número de pessoas, que fizeram
a fineza de o escutar no meio do maior silêncio.

Foi aí que o secretário do arcebispo de Washington
contou como evangelizara nas Montanhas
Rochosas e como, nessa árida região, alcançara
converter ao cristianismo numerosos esquimós.

Eis como um bom cristão se perde
por não saber geografia.

(Vítor Nogueira, in "Senhor Gouveia"/Averno)