17/03/10

A poesia de Bénédicte Houart

o elefante apodrece
no exterior do café portugal
ninguém lhe põe moedas
ninguém empoleirado
aos solavancos, ninguém

as moedas mudaram
as crianças cresceram
os adultos ganharam juízo e amealharam
para elefantes de verdade
com bosta e tudo

se não pelo teu próprio nome
por que nome responderás tu então?

x - x

fui aos perdidos e achados
minha senhora disse-me o polícia
sua o caraças senhora talvez
aqui não recolhemos objectos dessa natureza
tão pouco material
juraria ter ouvido comercial
vá antes à câmara municipal
serviço de saneamento básico
resíduos esgotos sarjetas
em suma, escoamentos
coisa que como podeis ler
não fiz nem farei
se ele se perdeu, compreendi afinal, foi porque quis
nunca se deve contrariar poema tão original

x - x

tenho um mamilo sempre erecto e
outro sempre murcho
ora bem,
a interpretação que faço do fenómeno
embora duvidando que entusiasme alguém
é a seguinte:
um pressente coisas de que o outro nem suspeita
coitado do primeiro
quando não há nada
coitado do segundo
se quiser arrebitar

(3 poemas de Bénédicte Houart, in "Vida:Variações"/ Cotovia)

Sem comentários: