20/09/10

José Tolentino Mendonça nas "Quintas de Leitura"

Travessia

Os nossos dedos são cândidos
com brilhos impressos
e um tempo absorvido dos dois lados
Nos sinos, nos guizos, nas harpas
procuramos sem nenhuma restrição
o fogo e o gelo
a iluminação de um ramo dourado

Há um instante em que as nossas vozes
se fundem e destacam
reluzentes sobre a vida perpétua

Atravessamos a noite com uma vontade irreprimível
de cantar

(poema de José Tolentino Mendonça, in "O viajante sem sono"/ Assírio & Alvim)

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