18/11/10

O NOVO LIVRO DE JOÃO HABITUALMENTE

Mosaico luso-brasileiro

Povo que lavas no rio
por que não lavas na fonte?

É de pau
é de pedra
numa casa portuguesa concerteza
talhando com teu machado
as tábuas do meu caixão
e depois do adeus
é o fim do caminho
as águas de Março fechando o verão

É de pau é de pedra
o povo que lava no rio
e como bandos de pardais, os putos
dragão tatuado no braço
calção corpo aberto no espaço
o menino é de oiro
é de oiro o meu menino

Gosto muito de te ver, leãozinho
talhando com teus dentinhos
as tábuas do meu caixão
a morte saiu à rua num dia assim
são as águas de março fechando o verão

Na casa da mariquinhas
pão e vinho sobre a mesa
coimbra é uma canção
mesmo depois do adeus
e o rio de janeiro continua lindo
do choupal até à lapa
ainda há povo no rio
são como bandos de pardais
mas por que não vão para a fonte?
vai formosa e não segura
tua pele tua juba
gosto tanto de te ver, mariquinhas
numa casa portuguesa concerteza

Está na hora de embalar as trouxas
e zarpar
são as águas de março nas tábuas do meu caixão

(poema de João Habitualmente)

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