13/03/13

CORPO DE TRABALHO



Cansada de ver o pouco que valho
Este corpo que é todo
Um corpo de trabalho
Escravo demente dos dias ruins
Que bóia e espera o golpe de rins

Com papo vazio e o peito apertado
Passo-te, cega, a mão pelo pêlo
O coração na boca o palato suado
A cara de caso o nariz empinado
Tenho as costas largas e a língua num novelo
Não dou o braço a torcer por dor de cotovelo



Inédito de Marta Bernardes. 

Sem comentários: