Cansada
de ver o pouco que valho
Este
corpo que é todo
Um
corpo de trabalho
Escravo
demente dos dias ruins
Que
bóia e espera o golpe de rins
Com
papo vazio e o peito apertado
Passo-te,
cega, a mão pelo pêlo
O
coração na boca o palato suado
A
cara de caso o nariz empinado
Tenho
as costas largas e a língua num novelo
Não
dou o braço a torcer por dor de cotovelo
Inédito de Marta Bernardes.
Sem comentários:
Enviar um comentário